Quarto da Agnes

- Nah, microondas e fornos, tudo esquenta. Uma pena que eles não tenham um calor tão bom quanto o seu. - ele fez que ia puxar a língua dela entre os dedos, mas apenas tocou seu queixo e, quando ela desfez sua expressão, ele a beijou brevemente.

E Pietro não conteve o riso com o comentário dela.

- Essa foi boa.

Foi pego de surpresa pela torrada que de repente foi posta entre seus lábios e logo a moeu com os dentes, tendo engolido antes de começar a falar:

- Ué, aquela piscina é nossa obra de arte. Mas eles já devem ter enchido de novo... qualquer dia a gente vai lá e seca de novo.- ele sorriu de canto de forma trocista.- Nada vai dar errado. Confio em você.

Ele sentiu seus lábios irem direto no travesseiro, e fez uma careta emburrada.

- Qual é, não vale.- o tom dele foi trocista, contudo, e sorriu para tentar beijá-la de novo. A careta dele tornou e foi ainda maior...

Na vez seguinte, ele foi direto na direção que ela moveu o rosto, e finalmente conseguiu encostar os lábios aos dela.

- Não tente apostar na velocidade comigo, baixinha.

Ele deu um suspiro breve, e passou os olhos para o teto de forma suave.

- Foi legal quando você derreteu a escada. Só não quero te ver chorando daquele jeito de novo.

Quando se beijaram mais uma vez, Pietro a abraçou também.

- É... a gente só tem que ter cuidado pra nenhum maluco nos desafiar na piscina de novo.

- E você é previsível. Quer dizer, quase.- foi a vez dele de mostrar a língua, dando um beijinho no nariz dela a seguir.- Você nunca me põe em perigo de verdade. Eu te amo, você me ama. Somos uma família feliz...- ele ironizou e revirou os olhos, voltando a focá-los nos vermelhos dela.- Quê de ruim pode acontecer nisso?

Ele inclinou a cabeça, franzindo o cenho brevemente.

- Se estiver e vier encher o saco eu dou um trato nele, pode deixar.

Ele sorriu a mordida - nem se ela quisesse, aquilo poderia machucar - e então riu, revirando os olhos brevemente ao mesmo tempo que murmurava um "oh não", fechando os olhos a seguir.

- Não acredito que estamos cantando isso quando minha irmã me atormenta com essa música todos os dias...

Ele suspirou.

- Você faz mesmo as coisas mais bizarras parecerem engraçadas e...- ele franziu o cenho como se não acreditasse que fosse dizer aquilo; mas disse:- Românticas. É, isso aí...

Enrolou um misto de cores das mechas dela entre os dedos, visando o teto, então.

- Que menina cruel. Isso é ilegal.- ele estalou a língua, segurando um riso.- Quem se importa? Ele merece mais que isso.

- Nããão.- ele disse diretamente, e calou-a no meio da cantoria, com um beijo e uma mordida em seu lábio inferior.- Sem pônei maldito.

Deu uma piscadela para ela e, suspirando baixinho, por debaixo do lençol ele passou as mãos pela cintura dela.

- Mas se chutássemos ele para isso estaríamos nos metendo em violência desnecessária.- ele deu um riso baixo.- Tanto faz, a gente chuta na próxima, pode deixar.

- Essa música que é sem graça.- ele disse depois de sentir a mordida em si.- Tudo bem.- ele revirou os olhos, de uma forma mais trocista que qualquer outra coisa, abrindo um sorriso logo a seguir.- Vamos sim acabar com ele.

Encostou-se mais à ela, beijando em seu pescoço ao mesmo tempo passava a mão pela nuca dela.

- Mas sinto que se você continuar assim eu nunca mais serei capaz de levantar dessa cama.

- Então encher o saco é engraçado pra você, dona Agnes?- ele fez uma cara de reprovação, que logo sumiu, dando lugar a um sorriso quase sarcástico.- Legal. Eu concordo.

Por um momento ele percebeu o olhar dela, seguindo-o, deparando-se, então, com a porta também. Soergueu uma sobrancelha, inclinando a cabeça sobre o travesseiro quase como se esperasse uma reação dela.

- Que foi?- ele realmente não dava para esperar, e a pergunta soou antes que ela jogasse o que quer que estivesse pensando para o lado e indagasse aquilo a ele.- Isso aí...- Pietro respondeu, e abaixou o olhar como se não achasse que deveria dizer, e disse, apesar de ter soado como brincadeira no meio do sorriso que ele esboçou a seguir:- Pode não parecer mas eu realmente tô contendo.

- Isso não tem graça...- ele fez um muxoxo, que sumiu num piscar de olhos.- Mentira, tem sim. Adoro quando você me enche. Seja do que for.- ele alfinetou, e então sentiu o abraço dela, encostando-se e se envolvendo mais por cima da sua camisa do Pinky Floyd.

Encostou o queixo levemente por cima dos cabelos bicolores dela, e sorriu de canto.

- Você brinca com o meu auto-controle, e eu sou um cara que corre na velocidade do som. Tem ideia de como isso é difícil?

Ele soltou um riso baixo.

- Se continuar assim vou te prender com fita adesiva nas minhas costas, baixinha, e olha que eu faço isso mesmo... e então tornou a estreitar levemente seus olhos azuis que voltaram, então, a fitar a porta encoberta de fita adesiva prata.- Familiar? Como familiar, Ag?

- Bom saber...- ele deu um sorrisinho tão malicioso quanto o dela, e abraçou amplamente a seguir, como se ela fosse um bixinho de pelúcia.- Nãooo. Fica só mais um pouquinho assim. O suficiente pro resto do dia, digamos.

Depositou levemente um beijo no pescoço dela, seu corpo ainda debaixo do lençol, assim como o dela estava da barriga para baixo. Acomodou a cabeça no busto dela, mordendo ali, levemente, e ele riria daquilo não fosse o comentário dela, que o deixou pensativo.

- Muito.- respondeu na mesma hora, mas ele não deixou de pensar que, se fosse algo sério, pelo menos havia um aviso prévio daquela vez, e não um trator simplesmente colocaria o quarto abaixo. Ele não diria isso em voz alta.- Acha que pode ser um daqueles caras querendo vir te visitar? A gente bota eles pra correr.

Ele segurou um riso diante do barulho que ela fez. Agnes conseguia ser tão fofa que o deixava em cima do muro de querer apertá-la o tempo todo e ao mesmo tempo ter muito medo de machucá-la com aquilo.

- Você tem razão, baixinha.- ele a soltou devagar, embora a vontade fosse segurá-la de novo quando ela mordeu seu ombro.- Vai lá, tomar um banho e se trocar. A gente tem um dia todo pela frente. Ah, sobre a parte do banho, se você quiser eu vou com você... - ele deu uma piscadela trocista, mas logo a pós franziu o cenho.- Fala de Arnett? Nunca mais vi ela, pensei que estivesse numa missão com uma outra galera...

Ele deu de ombros.

- Deixa esse palpite pra lá.  

O peso dele sumiu do colchão, e num piscar de olhos ele estaria perto da porta, na verdade, como se já estivesse voltando para dentro do quarto.

- Todo mundo ainda deve estar dormindo ou lá embaixo tomando café da manhã. O corredor tá super silencioso. Relaxa, mini-fósforo.

- Convencida...- ele murmurou, num tom que deixava claro sua brincadeira ao dizê-lo, e continuou em suas sílabas apressadas ao mesmo tempo que beijava a testa dela de forma sútil, graças a visão que o fez segurar um riso quando a fitou piscar os olhos daquela forma:- Vou sim. Eu só me vesti. Preciso de um banho também.

No piscar de olhos seguintes, a porta do banheiro foi aberta por alguma coisa invisível e a voz dele soou lá de dentro daquela vez:

- É, ela era. Só tentava não chegar muito perto dela ou a ponta dos meus dedos sempre congelava... - ele retirou a camisa do Pinky Floyd, estendendo-a no gancho à parede cheia de azulejos brilhantes e azuis.- De quem você tá falando, afinal, Ag?- ele indagou, a voz soando em eco graças ao banheiro.

O barulho da fivela do cinto dele se abrindo foi ouvido, e lá dentro ele franziu brevemente as sobrancelhas grisalhas.

- Hey, tudo bem. Vem aqui, tomar um banho morno, depois a gente procura essa sensação-espiã aí.

-Eu sou mesmo... - ela andou atrás dele, abraçando-o por trás, sem se incomodar de estar andando pelada por ali.+
+Ele logo escapou de suas mãos, o que a fez ter de andar até o banheiro, enquanto Pietro se despia.+
-Bom, ela deixava o clima sob controle, ao menos. Principalmente quando eu estava presente.
+A garota andou até ele, voltando a abraçá-lo por trás, pele encostando em pele. Era uma sensação maravilhosa.+
-Sea... Sea Aquamarine...
+Ela respondeu num tom obvio, fechando os olhos e se apegando ainda mais a Pietro.+
-Vamos, eu já estou pronta.

- Prefiro sentir o calor que você deixa no quarto.- ele alegou, já era a vez de apenas pendurar as roupas, já que não lhe restava para cobri-lo. Sentiu os finos braços de Agnes envolve-lo pela cintura, e tocou-os brevemente, olhando-a - ou tentando - por cima do ombro.- Tô vendo que tá.- ele disse num tom quase malicioso, fazendo com que ela terminasse o abraço para que ele pudesse puxá-la pela mão.

Quanto a porta de vidro do box fechou e a água bateu no chão, subindo um leve fumaçar graças à temperatura morna, Pietro entrou debaixo da corrente de forma rápida, deixando o cabelo e o corpo serem molhados pelos filetes que passaram a escorrer e molhar sua pele e fios cinzas, até ele jogar os cabelos para trás e passar uma das mãos pelos olhos do qual tinha se enchido d'água, ao mesmo tempo que falava, a mão livre no medidor do chuveiro - que ela não deveria realmente alcançar, no entanto.

Spoiler:

- Espera, melhor bem fria pra você, né?